segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Filosofia Geral e Jurídica

Curso de Direito- Filosofia Geral e Jurídica - 
Prof. Tonielson Silva Ferreira

§Referências
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires.
Filosofando: introdução à Filosofia. 2. ed., Rev. e Atual. São Paulo:
Moderna, 1993.
CHAUÌ, Marilena. Convite à Filosofia. 13. ed. São Paulo: Ática, 2003.
BITTAR, Eduardo C. B.; ALMEIDA, Guilherme Assis D. Curso de Filosofia
do Direito. 2. ed., São Paulo: Atlas, 2002.
BITTAR, Eduardo. Curso de Filosofia Política. 2ª ed., São Paulo:Atlas,
2005.
CRETELLA JUNIOR, José. Curso de Filosofia do Direito. 9.ed., Rio de
Janeiro: Forense, 2003.
LEITE, Flamarion Tavares. Manual de Filosofia Geral e Jurídica: das
origens a Kant.  Rio de Janeiro: Forense, 2006.
Filosofia GERAL E JURÍDICA.
nBibliografia Básica:
nBITTAR, Eduardo C. B.; ALMEIDA, Guilherme Assis de. Curso de filosofia do direito. São Paulo: Atlas, 2001. 550 p.
nREALE, Miguel. Filosofia do Direito. São Paulo: Saraiva, 2000.
nVILLEY, Michel. Filosofia do direito: definições e fins do direito. Os meios do direito. Tradução Márcia Valéria Martinez de Aguiar. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
nBibliografia Complementar:
nARISTÖTELES. Ética a Nicômacos. Brasília: UnB, 2001.
nBOBBIO, Norberto. O Positivismo jurídico. São Paulo: Ícone, 1994.
nCHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 1990.
nMORIN, Edgar. O método 1: a natureza da natureza. 2. ed. Porto Alegre: Sulina, 2003.
nROCHA, L.S; SCHWARTZ, G.A.D; CLAM, J. Introdução à Teoria do Sistema Autopoiético do Direito. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005.
O   QUE É FILOSOFIA?
üA filosofia é a atribuição do saber (conhecimento) humano dado às coisas do mundo.
üAssim, o conhecimento resulta da consciência que é
subjetiva e existe apenas no homem, podendo
variar de pessoa para pessoa.
üO homem evoluiu nos diferentes estágios de sua vida quando aprendeu a diferenciar o mundo a sua volta de sua condição humana, tomando consciência de sua existência. Com isso, ele abriu as portas do conhecimento.
üDaí que o Conhecimento é o pensamento que resulta da relação que se estabelece entre o sujeito que conhece e o objeto a ser conhecido. Subjetivo + Objetivo.
ü
§O Conhecimento humano é desenvolvido a partir da experiência grega entre os séculos VI e V a.C.; 
§O milagre grego se dá com a escrita, a moeda, lei escrita e a pólis;
§O lugar da filosofia é na cidade;
§Embora os pré-socráticos (séc. VI a.C.), por exemplo, Anaximandro (ápeiron – indeterminado), Tales de Mileto (água), Anaxímenes (ar), Demócrito (átomo) e Empédocles (terra, água, ar e fogo), tenham refletido filosoficamente a partir da cosmologia (qual o princípio – arqué?), a filosofia é inaugurada a partir de Sócrates.  
§
O PENSAMENTO RACIONAL SOCRÁTICO
A Filosofia (do grego Φιλοσοφία: philos - que ama + sophia - sabedoria,  que ama a sabedoria) é a investigação crítica e racional dos princípios fundamentais;
Nesse sentido, a admiração é a condição de onde deriva a capacidade de problematizar o que marca a filosofia não como posse da verdade, mas como sua busca. Para Platão, a primeira virtude do filósofo é admirar-se;
A Filosofia está na História, isso significa que o filósofo inicia a caminhada a partir dos problemas da existência, mas precisa se afastar deles para melhor compreendê-los, retornando depois a fim de dar subsídios de mudança; 
Afirmou Kant no séc. XVIII, “não há filosofia que se possa aprender, só se pode aprender a filosofar”;
A passagem do senso comum para o conhecimento filtrado, o bom senso.
§O processo do filosofar:
üA filosofia de vida – “filosofar” espontâneo do homem comum nasce a partir das experiências de vida do cotidiano;
üA filosofia propriamente dita é composta de uma reflexão (reflectere), “voltar atrás, para si”, para desnudar a verdade (a-létheia), bem como pela atitude filosófica, que representa a práxis, ou seja, a ação e transformação a partir de uma reflexão crítica anterior e interior.
§
Marilena Chauí (2003), nos responde que a Filosofia poderia ser a decisão de não aceitar as coisas como óbvias, as idéias, os fatos, as situações, os valores e os comportamentos; em síntese, Filosofia pode ser definida como a não aceitação dos elementos da existência humana sem antes havê-los investigados e compreendidos.
A atitude filosófica têm duas características, uma negativa e outra positiva. A negativa é dizer não ao senso comum, ao que é pré-concebido no cotidiano e tido como verdades aceitas porque todo mundo diz e pensa. A positiva é a interrogação sobre os elementos do cotidiano e da existência: O que é? Por que é? Como é?
Juntas, essas duas características da atitude filosófica constituem o que os filósofos chamam de atitude crítica ou pensamento crítico. Atitude crítica pode ser compreendida como tomar distância do nosso mundo costumeiro olhando-o como se nunca tivéssemos visto antes.
A Filosofia e a Ciência
A Ciência nasceu da Filosofia (método), sendo o filósofo o sábio que refletia sobre todos os setores da indagação humana. Da opinião (doxa) à ciência (episteme), fruto da razão;
Assim, a Ciência constrói um conhecimento fragmentado com juízo de realidade (objetividade), enquanto a Filosofia apresenta um conhecimento universalizado com visão de conjunto (subjetividade), apresentando um juízo de valor;
A Filosofia ainda se distingue da Ciência pelo modo como aborda seu objeto: em todos os setores do conhecimento e da ação, a Filosofia está presente como reflexão crítica a respeito dos fundamentos desse conhecimento e desse agir.  
§A Filosofia representa uma consciência coletiva – com visão de conjunto;
§Filosofia faz juízo de valor sobre as coisas do mundo, enquanto a ciência faz juízo de realidade sobre as coisas do mundo;
§A Filosofia é um desdobramento do bom senso, diferentemente do senso comum, construído a partir das experiências do dia a dia, carrega em si, falsos valores, preconceitos ou prejulgamentos sobre as coisas do mundo.
 
Reflexão Filosófica
 
Outro elemento da Filosofia é o movimento de volta sobre si mesmo (dialeticidade). O pensamento surge e interroga a si mesmo. Indagando como é possível o próprio pensamento. Este movimento de indagar a si próprio, é reconhecida na Filosofia enquanto reflexão filosófica, que se organiza em três conjuntos de questões, descritos por Chauí (2003) como:
1. Por que pensamos o que pensamos, dizemos o que dizemos e fazemos o que fazemos? (motivos, causas e razões)
2. O que queremos pensar quando pensamos, o que queremos dizer quando falamos, o que queremos fazer quando agimos? (conteúdo e sentido)
3. Para que pensamos o que pensamos, dizemos o que dizemos, fazemos o que fazemos? (intenção e finalidade)
Diferentemente da atitude filosófica que se dirige ao mundo que nos rodeia, indagando a essência, a significação e a origem de todas as coisas, a reflexão filosófica aponta seu pensamento aos seres humanos no ato da reflexão, perguntando sobre a capacidade e finalidade humana para agir e conhecer.
QUAL É A UTILIDADE DA FILOSOFIA?


Não é útil no sentido imediato, nem tem efeito prático instantâneo;
É a capacidade que só o homem tem de superar a situação dada e
não-escolhida.
Nasce para contestar o sistema instituído e ameaçador; 
Procura encorajar o homem diante de seus medos, apresentando aquilo que é verdadeiro, daí a busca constante pela verdade pelo filósofo.


Filosofia não é dogmatismo e nem ceticismo:
Dogmatismo: Posse de certezas e verdades absolutas;
Ceticismo: Anseia a certeza, mas decide que ela é inalcançável, desacredita na possibilidade da verdade.

O mito da caverna
Platão referia-se aos seus contemporâneos, com suas crenças e superstições. O filósofo era qual um fugitivo capaz de fugir das amarras que prendem o homem comum às suas falsas crenças e, partindo na busca da verdade, consegue apreender um mundo mais amplo. Ao falar destas verdades para os homens afeitos às suas impressões, não seria compreendido e seria como tomado por mentiroso, um corruptor da ordem vigente.
O mito da caverna é uma metáfora da condição humana perante o mundo, no que diz respeito à importância do conhecimento filosófico e à educação como forma de superação da ignorância, isto é, a passagem gradativa do senso comum enquanto visão de mundo e explicação da realidade para o conhecimento filosófico, que é racional, sistemático e organizado, que busca as respostas não no acaso, mas na causalidade.
Segundo a metáfora de Platão, o processo para a obtenção da consciência abrange dois domínios: o domínio das coisas sensíveis e o domínio das idéias. Para o filósofo, a realidade está no mundo das idéias e a maioria da humanidade vive na condição da ignorância, no mundo ilusório das coisas sensíveis, no grau da apreensão de imagens, as quais são mutáveis, corruptíveis, não são funcionais e, por isso, não são objetos de conhecimento.
Sites recomendados.
NÃO DEVEMOS TER MEDO DE QUE NOSSAS ESCOLHAS OU NOSSAS AÇÕES RESTRIJAM NOSSA LIBERDADE, POIS SOMENTE A ESCOLHA E A AÇÃO NOS LIBERAM DE NOSSAS ÂNCORAS”
(Merleau-Ponty, filósofo francês)
Para reflexão.....
       Diante da lei está um porteiro. Um homem do campo dirige-se a este porteiro e pede para   entrar na lei. Mas o porteiro diz que agora não pode permitir-lhe a entrada. O homem do campo reflete e depois pergunta se então não pode entrar mais tarde. "É possível", diz o porteiro, "mas agora não". Uma vez que a porta da lei continua como sempre aberta, e o porteiro se posta ao lado, o homem se inclina para olhar o interior através da porta. Quando nota isso, o porteiro ri e diz: "Se o atrai tanto, tente entrar apesar da minha proibição. Mas veja bem: eu sou poderoso. E sou apenas o último dos porteiros. De sala para sala, porém, existem porteiros cada um mais poderoso que o outro. Nem mesmo eu posso suportar a visão do terceiro", O homem do campo não esperava tais dificuldades: a lei deve ser acessível a todos e a qualquer hora, pensa ele; agora, no entanto, ao examinar mais de perto o porteiro, com o seu casaco de pele, o grande nariz pontudo e a longa barba tártara, rala e preta, ele decide que é melhor aguardar até receber a permissão de entrada. O porteiro lhe dá um banquinho e deixa-o sentar-se ao lado da porta.

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